O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a se manifestar publicamente nesta sexta-feira (13), pedindo a anulação da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid.
A declaração veio após a revista Veja publicar uma reportagem que traz novas supostas mensagens atribuídas ao ex-ajudante de ordens, indicando que ele teria mentido ao Supremo Tribunal Federal (STF) durante seu acordo de colaboração.
Segundo a reportagem, as mensagens foram trocadas entre janeiro e março de 2024, período posterior ao início da delação, e revelam que Mauro Cid teria continuado a se comunicar por meio de redes sociais — o que violaria as regras impostas pelo ministro Alexandre de Moraes.
Cid teria utilizado o perfil @gabrielar702 para dialogar com pessoas próximas a Bolsonaro e comentar bastidores do inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado.
Bolsonaro fala em “trama fabricada” e critica STF
Em sua publicação na rede X (antigo Twitter), Bolsonaro afirmou que as novas revelações confirmam o que seus aliados vêm dizendo há meses. “A ‘trama golpista’ é uma farsa fabricada em cima de mentiras. Um enredo montado para perseguir adversários políticos e calar quem ousa se opor à esquerda”, escreveu.
O ex-presidente também exigiu providências imediatas: “Essa delação deve ser anulada. Braga Netto e os demais devem ser libertados imediatamente. E esse processo político disfarçado de ação penal precisa ser interrompido antes que cause danos irreversíveis ao Estado de Direito em nosso país”, disse.
Mensagens mostram desconfiança e pressão sobre Mauro Cid
As mensagens atribuídas a Cid indicam que o militar já não acreditava em um desfecho favorável no processo. Em determinado trecho, ele teria afirmado: “Eu acho que já perdemos… Os coronéis da PM do DF vão pegar 30 anos… E depois vem para a gente.”
Nos diálogos, Cid também faz críticas ao andamento da investigação e demonstra ceticismo sobre a atuação de Alexandre de Moraes. Em suas avaliações, somente uma eventual vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos ou uma ação do Congresso Nacional brasileiro poderiam alterar o cenário desfavorável que ele previa.
Descumprimento de ordens e risco à delação
Se confirmadas, as conversas podem comprometer a validade da colaboração premiada de Mauro Cid. Isso porque o acordo firmado com o STF proibia qualquer tipo de comunicação pública ou uso de redes sociais, justamente para evitar interferência no andamento do processo e contato com envolvidos.
Agora, a defesa de Cid pode ser chamada a prestar esclarecimentos sobre o conteúdo das mensagens e o eventual descumprimento das regras da delação.
Inquérito das “milícias digitais” continua em andamento
As investigações sobre uma possível tentativa de golpe envolvendo militares, ex-assessores e aliados próximos de Bolsonaro seguem sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes. Diversos nomes já foram denunciados ou seguem investigados, incluindo militares da ativa e da reserva, além de ex-ministros do governo anterior.