Durante a edição desta segunda-feira, 20 de outubro, do programa Encontro, a apresentadora Patrícia Poeta surpreendeu a todos ao deixar a postura reservada de lado e expor uma luta silenciosa que sua família enfrenta nos bastidores.
Em meio à rotina profissional intensa, ela convive com uma realidade que pouco se comenta diante das câmeras: a grave alergia alimentar do filho, Felipe Poeta.
Patrícia revelou que a decisão de falar sobre o assunto foi tomada com cautela, mas também com muita consciência da importância de se posicionar. “Eu preferi trazer esse tema à tona para evitar especulações. Infelizmente, às vezes o silêncio abre espaço para o julgamento. Mas essa é uma situação que merece ser compreendida de forma humana e não como um objeto de curiosidade ou tabu”, desabafou, com a voz embargada.

Muito além da comida: uma alergia que redefine a rotina
Felipe Poeta, de 22 anos, segue uma carreira como DJ, mas enfrenta um desafio que modifica todos os aspectos de sua vida. A alergia severa que possui não se restringe a cortar ingredientes do cardápio — ela se manifesta de forma extrema ao menor contato com traços de determinados alimentos, mesmo que eles não sejam ingeridos diretamente.
A rotina familiar precisou ser rigorosamente adaptada. Panelas, utensílios e até o ambiente da casa passaram a exigir higienização constante.
A apresentadora relatou que não basta evitar alimentos específicos: é preciso garantir que não haja partículas no ar, resíduos em superfícies ou qualquer forma de contaminação cruzada. “É uma atenção que nunca tira férias. É uma vida inteira de vigilância, porque não estamos lidando com desconforto, mas com risco real de vida”, reforçou.
Essa hiperalerta também se estende ao convívio social. Beijos, abraços e apertos de mão podem gerar uma crise, caso a outra pessoa tenha consumido recentemente o alimento proibido.
Restaurantes, festas, viagens e até encontros simples se tornaram momentos de planejamento e cuidado extremos. A vida social é moldada pelo medo, pelo amor e por uma responsabilidade que vai além do que os olhos veem.

Entre o medo e a coragem: uma jornada de amor e conscientização
Ao se dirigir ao público, Patrícia destacou o quanto é fundamental dar visibilidade a uma condição que é, muitas vezes, minimizada ou desconhecida. “Ainda existe a ideia de que alergia é frescura ou exagero. Mas quando você vê seu filho correndo risco de morrer porque se aproximou de um alimento, tudo muda. Não é exagero, é sobrevivência”, alertou.
A apresentadora também ressaltou o quanto a falta de informação e preparo em instituições públicas e privadas pode tornar a vida de pessoas alérgicas ainda mais difícil. Ela pediu a criação de ambientes mais acolhedores e seguros:
“É preciso que escolas, empresas, restaurantes e todos os espaços estejam preparados para lidar com isso. Não estamos falando de preferência, mas de necessidade.”
A fala emocionada ganhou força nas redes sociais, onde mães e familiares de alérgicos se manifestaram em solidariedade. Muitas compartilharam histórias semelhantes, exaltando a coragem de Patrícia em trazer o tema à tona e denunciar a invisibilidade desse problema no Brasil.

Um gesto que deve ecoar: o desabafo como serviço público
Ao finalizar seu depoimento, Patrícia deixou uma mensagem especialmente direcionada às famílias que, como ela, convivem com a constante angústia de cuidar de alguém com alergia severa. “Você que está enfrentando isso, saiba que o amor e o cuidado diário valem a pena. Vocês não estão sozinhos. Que nossa história ajude outras famílias a se sentirem abraçadas.”
A apresentadora deixou claro que sua intenção não era gerar piedade, mas provocar reflexão e mudança. Seu relato se transformou em um forte apelo por conscientização — não só no âmbito pessoal, mas também no coletivo, para que o Brasil avance em políticas de inclusão e proteção a pessoas com doenças e condições crônicas.