O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a questionar, nesta sexta-feira (13), a validade da delação premiada de Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens.
A reação ocorre após a divulgação de novas supostas mensagens atribuídas a Cid, e também depois de ele ter pedido perdão ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao ministro Alexandre de Moraes durante depoimento oficial.
Segundo reportagem da revista Veja, Mauro Cid manteve conversas privadas mesmo após firmar o acordo de colaboração com o STF, o que violaria as restrições impostas pelo próprio Alexandre de Moraes.
Nas mensagens, o tenente-coronel relataria bastidores da investigação, críticas a procuradores e desconfiança sobre o desfecho do processo.
Bolsonaro: “Delação deve ser anulada”
Ao comentar o caso, Bolsonaro disse que o novo material “escancara a perseguição política” e reiterou que a investigação é baseada em “mentiras fabricadas”. “Essa delação deve ser anulada. Braga Netto e os demais devem ser libertados imediatamente”, escreveu o ex-presidente nas redes sociais.
Ele afirmou ainda que o processo é, segundo suas palavras, uma tentativa de “calar adversários e destruir opositores da esquerda”. Para Bolsonaro, o caso já extrapolou o campo jurídico e ameaça o Estado de Direito no Brasil.
Pedido de perdão durante o depoimento
Além das mensagens, um dos pontos que mais chamaram atenção foi o comportamento de Mauro Cid no próprio depoimento à Polícia Federal e ao STF. Em determinado momento, o tenente-coronel, visivelmente emocionado, pediu perdão tanto ao Supremo Tribunal Federal quanto ao ministro Alexandre de Moraes pelas condutas e erros cometidos durante o período investigado.
O gesto de humildade foi interpretado por aliados como uma tentativa de atenuar sua responsabilidade no caso e colaborar integralmente com as investigações.
Conversas mostram clima de pessimismo
Nas supostas conversas reveladas, Cid admite que já não via chances de absolvição. Em um dos trechos, teria dito: “Eu acho que já perdemos… Os coronéis da PM do DF vão pegar 30 anos… E depois vem para a gente”.
Ele também desabafa sobre as pressões que estaria sofrendo e chega a afirmar que apenas uma vitória de Donald Trump nas eleições norte-americanas ou uma ação do Congresso brasileiro poderiam mudar o rumo das investigações.
Risco de anulação da delação
Se confirmado o uso de redes sociais durante o período de delação, Mauro Cid pode ter violado cláusulas centrais do seu acordo com o Supremo, o que colocaria em risco a validade da colaboração. O caso deve ser analisado nos próximos dias pelo ministro Alexandre de Moraes, que é relator do inquérito.
Enquanto isso, a defesa de Bolsonaro e de outros investigados já começa a usar as novas revelações como argumento para questionar todo o andamento da investigação.